ALCAPARRAS (CAPERS, KAPERN, CÂPRE, CÀPPERO).
O autor responde: sergio.di.petta@cmg.com.br
Envie para o autor suas dúvidas sobre plantio, colheita e cura da alcaparra e o seu uso no preparo dos pratos.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

28. Produção de óleos aromáticos por arraste de vapor (4)



O projeto deve começar pela caldeira mostrada na foto. Essa caldeira funciona a lenha de eucalipto e produz até 250 Kg de vapor/hora e essa produção determina o dimensionamento do restante do equipamento e, portanto, a quantidade de óleo produzida, naturalmente subordinada aos percentuais de óleo existentes em cada vegetal.
Ela foi instalada prevendo todas as seguranças necessárias. Dispõe de uma caixa de água de 500 L em aço inoxidável, sempre cheia, para a eventualidade de sobre-aquecimento da caldeira. Essa água tanto pode ser injetada na caldeira por uma bomba especial acionada por eletricidade como também podemos usar o próprio vapor da caldeira para essa finalidade. Tem um comando elétrico automático que aciona a bomba toda vez que o nível de água atinge o ponto mínimo, e também duas válvulas de segurança reguláveis para que a pressão nunca ultrapasse o nível desejado. A tiragem é feita por uma chaminé de cinco metros. Toda a água usada na caldeira é previamente filtrada e depois armazenada em caixas de aço inoxidável. A caldeira se localiza em uma construção especial e separada do local onde se encontra a dorna, o condensador e o laboratório. O vapor produzido é encaminhado por tubo subterrâneo, com isolamento térmico, e chega até o centro de utilização. Também o laboratório recebe vapor através de conduto isolado. (continua)

sexta-feira, 6 de maio de 2011

27. Produção de óleos aromáticos por arraste de vapor (3).




Alguns anos atrás estive em Grasse, na França, perto de Nice. É a cidade do perfume, tradição secular. Lá visitei a indústria perfumeira, inclusive pude ver e fotografar os equipamentos históricos (ou pré-históricos) com os quais fabricaram, durante mais do que um século, os perfumes que se tornaram famosos em todo o mundo. Alguma coisa eu apreendi ali. Consultei também alguns livros, que me deram a base para iniciar o projeto.
A foto, feita em Grasse, França, servirá para dar uma idéia de como funciona o processo.
A esquerda aparece a dorna, de cobre brilhante, aonde vai o material do qual se pretende extrair o óleo. O vapor entra na válvula que está em baixo e ao lado esquerdo da dorna. O vapor aquecerá o material e carreará junto o óleo. O todo se expandirá pelo “colo de cisne” em direção ao condensador (cobre escuro), onde se condensará formando uma mistura de óleo e água facilmente separáveis por diferença de densidade. Segue-se um trabalho, no laboratório, de filtragem e concentração do óleo a 99,9%. Isso é tudo, depois vem a parte mais difícil, vender o produto com lucro. (continua)

quinta-feira, 28 de abril de 2011

26. Produção de óleos aromáticos por arraste de vapor (2).



A eterna busca por um produto não perecível que pudesse sustentar uma pequena propriedade nos conduziu a estudar projetar e montar uma indústria piloto para produzir óleos essenciais através de arraste de vapor. A foto 1 mostra o laboratório e o óleo de cymbopogon citratus pronto para ser filtrado e envasado. Atrás desse nome complicado está o nosso famoso capim de beira de estrada ou capim cidrão.
Inicialmente fiz um levantamento dos preços de compra e venda dos óleos essenciais. Nenhum estudo profundo de viabilidade, apenas a constatação de que havia compradores para os óleos aromáticos que servem tanto de matéria prima para a indústria química como para a fabricação de cosméticos. Também a aromaterapia consome, em menores quantidades, numerosas essências.
Ciente de que o óleo, até certo ponto, era uma mercadoria não perecível e que era possível colocá-lo no mercado, passamos a projetar a fábrica. Se se tratasse de destilar pinga seria mais fácil, uma vez que existem muitas indústrias que se dedicam à fabricação de alambiques e poderíamos comprar um pronto, mas não era esse o caso. Eu tive que fazer quase tudo sozinho, às marteladas. (continua)



quinta-feira, 21 de abril de 2011

25. Produção de Óleos aromáticos por arraste de vapor (1).



Perfume ou fragrância é a emanação sutil das substancias que possuem essências agradáveis ao nosso sentido olfativo. Nós somos muito sensíveis aos odores, bons ou ruins. Lembro de minha infância, no alto da Lapa em São Paulo, quando eu fazia coleção da linda folhagem “coleus”, planta da família das labiadas que apresentam folhas de diversos padrões e cores. Além das cores, elas também têm um tênue perfume que ficou indelevelmente fixado em minha memória. Quando, por acaso, sinto novamente essa fragrância brota em minha mente todas as histórias das peripécias para conseguir novas e diferentes variedades de “coleus”. Um simples perfume é capaz de evocar reminiscências de um passado impossível de ser alcançado sem essa ajuda. Quem é do tempo em que se usava lança perfume “Rodouro” e “Colombina” durante o carnaval –e naquela época ninguém era trouxa de cheirar para se drogar, nem se falava disso- ao sentir o mesmo perfume revive as emoções da juventude. Emoções e perfumes são armazenados juntos em nossa memória.
A indústria do perfume é tão antiga quanto a própria história humana. Antes até de haver quaisquer resquícios de escrita, o homem já fazia uso dos perfumes vegetais para disfarçar seu próprio cheiro, fato esse comprovado por achados arqueológicos. A origem do uso da mirra e do sândalo perde-se na imensidão do passado. A arte de extrair perfumes teve seu começo na antiga mesopotâmia, mas certamente floresceu no Egito que ainda hoje é o celeiro das mais inusitadas fragrâncias.
Tempos atrás estive na terra dos Faraós vendo todos aqueles monumentos ciclópicos. De repente invadiu minhas narinas um aroma penetrante, quase divino, que me fez imaginar Cleopatra em seu leito, cercada de pajens e, naturalmente, sem o Julio Cesar para atrapalhar.
Bem próximo haviam várias acácias floridas. Centenas de pequenos pompons amarelos como o da nossa conhecida mimosa, mas com um perfume celestial, perfeito. Os aromas têm o condão de nos fazer viajar, de conduzir nossos sonhos, de limpar nossa mente e de, às vezes, fazer cócegas em nosso ego. Daí por que a Aroma-terapia tem prosperado e hoje sustenta uma indústria crescente de fragrâncias.
Na foto, amostras de óleos que retiramos por arraste de vapor, processo que passaremos a descrever. (continua)



sexta-feira, 15 de abril de 2011

24. Nogueira Pecã

FOTO 1
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FOTO 2
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É um conselho. Ao comprar um sítio ou, se você é um Sem Terra e ganhou um pedaço dela do Incra, não comece a plantar somente ciprestes, plátano ou eucaliptos. Plante também arvores que tenham finalidade econômica anual isto é, frutíferas que possam lhe trazer um faturamento anual e cujos frutos não sejam perecíveis em prazo curto. A nogueira pecã é uma ótima opção. A foto 1 mostra uma nogueira com 25 anos. Jamais foi adubada ou cuidada e produz por ano de 30 a 40 kg de nozes de boa qualidade.
A foto 2, tirada em fevereiro de 2011, mostra a penca de nozes sadias e que amadurecerão no outono. No início do inverno podemos fazer a colheita que é muito fácil. Basta recolhe-las do chão e guardá-las em um lugar seco. Essas nozes poderão ser vendidas no próximo natal quando alcançam um bom preço.
Antes de comprar as mudas se informe sobre as espécies que melhor se adaptem ao clima e solo de sua propriedade. A noz macadâmia é também uma ótima opção. 

quinta-feira, 7 de abril de 2011

23. TRATOR DE ESTEIRA (2)



De volta à nossa terrinha andamos pesquisando e encontramos alguma tralha velha. Uns tratores antigos que se chamavam Brasitália e o operador ficava sentado praticamente entre as lagartas. No mercado de tratores usados haviam tambem uns de nome Santa Matilde e tambem Malves. Nenhum novo. Esse tipo de trator não era mais fabricado. Por que será?
O trator da foto 1 é um New Holand, pequeno, vendido na Itália por uns 20 000 dolares, preço de 8 anos atrás. É mais caro que os anteriores mas essa máquina poderá durar 30 anos em uma pequena propriedade e o trabalho que faz é simplesmente incrivel. Tem um centro de gravidade baixissimo e pode trabalhar em curvas de nivel em terrenos inclinados. Além disso não compacta o solo uma vez que seu peso se distribui por todo o apôio da lagarta.
Nossos governos, sempre descompassados com as necessidades dos agricultores, não enxergaram ainda que deverão apoiar a industria que queira produzir no Brasil tratores agricolas de esteira, pequenos, para servir à agricultura familiar.
Fixar familias no campo e dar sustentabilidade para que desenvolvam atividade realmente produtiva deveria ser a maior preocupação do governante.
Os grandes latifundios produzem riqueza para exportação mas não civilizam, não acrescentam cidadânia, não contribuem para a saude ambiental nem proporcionam uma sociedade feliz.
Deslocar pessoas para o campo, retirar o sofrido povo das periferias das cidades, lugares infectos sem condições de habitabilidade aliviando as tensões nos grandes centros é um dever do politico consciente.
Urge que o governo libere de impostos, por 10 anos ou mais, a industria que queira investir na produção desses tratores, e mais do que isso, que se mova e vá procurar quem queira e possa montar essa indústria. Pelo menos dessa vez, sem trambiques. Di Petta