ALCAPARRAS (CAPERS, KAPERN, CÂPRE, CÀPPERO).
O autor responde: sergio.di.petta@cmg.com.br
Envie para o autor suas dúvidas sobre plantio, colheita e cura da alcaparra e o seu uso no preparo dos pratos.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

110. ALCAPARRAS ITALIANAS, MARROQUINAS E BRASILEIRAS


Nas fotos acima as alcaparras de números 3, 4, 5 e 7 foram compradas em supermercado na Itália. As de números 1, 2 e 6 são produzidas em Brazópolis. O que se pretende mostrar aqui é qual seria a melhor maneira de conservar-las para a comercialização e o consumo.

Os produtores de alcaparras da ilha de Pantelleria, Sicilia, Itália, uma das melhores existentes no mercado, aconselham conservar e manter as alcaparras somente no sal marinho, isto é, conservar e colocar no comércio alcaparras e sal somente. Em geral é nessa forma que se comercializa na Itália, vide potes de plástico 3 e 4 e vidrinho nº 5.  Dizem que se deve conservar o sabor e o perfume do condimento e por isso descartam a utilização do vinagre como coadjuvante na conservação das alcaparras.

Como as olivas, as alcaparras necessitam de sofrerem um processo de cura para se tornarem palatáveis e isso se faz através da imersão dos botões florais em salmoura. Uma vez curadas, como a maioria das olivas, retém certa quantidade de sal. Para posterior conservação e comercialização, o que mantém as alcaparras próprias para consumo por no mínimo 2 (dois) anos, se utiliza principalmente 4 (quatro) processos.

 O primeiro procedimento, bastante utilizado na Itália, consta em manter as alcaparras em certa quantidade de sal, além daquele retido durante o processo de salmoura, de maneira a impedir sua deterioração. Dependendo da quantidade de sal as alcaparras poderão se conservar por até 5 (cinco) anos. Esse método é mais natural e preserva o sabor e aroma do tempero, mas tem o inconveniente de necessitar de um tempo maior na operação de lavar para retirar o sal em excesso por ocasião do uso. Entretanto o maior inconveniente é quanto o aspecto que as alcaparras apresentam após uns dois anos. Nas fotos 3, 4 e 7 se vê que as alcaparras tornaram-se mais amareladas. Isso não significa que perderam suas qualidades organolépticas, mas constitui somente um defeito visual que pode prejudicar sua comercialização.

O segundo e o terceiro métodos consistem em conservá-las no azeite ou no vinho. Ambos os procedimentos, naturalmente, irão interferir no aroma e sabor do condimento, todavia são pouco utilizados.

Como ultima opção, comercialmente a melhor no sentido da apresentação para a venda no varejo especialmente no Brasil, é manterem-se as alcaparras em uma salmoura fraca e adicionar vinagre.  A adição do vinagre, operação realizada para possibilitar a diminuição do sal de conservação, mas principalmente para embelezar o produto, traz como conseqüência a mistura de aroma e sabor de dois condimentos: vinagre e alcaparras. Os entendidos criticam acerbamente essa mistura incoerente que retira à alcaparra seu sabor peculiar.

Nas fotos acima as alcaparras dos potes de alcaparras 1 (um), 2 (dois) e 6 (seis) são de nossa produção.  O pote 1 (um) contém alcaparras e uma mistura de azeite e óleo de girassol. Caso se coloque somente azeite ele se solidificará na geladeira, ocorrência indesejável.  O pote 2 (dois) tem alcaparras e sal com menos do que dois anos e abaixo se vê a amostra das alcaparras ainda com uma tonalidade verde.  No pote 6 (seis) estamos fazendo uma experiência de conservar as alcaparras somente em uma salmoura saturada, sem a adição de vinagre, a fim de conservar cem por cento as propriedades naturais do condimento. Temos que aguardar um período de 2 (dois) anos para verificar o resultado. Caso seja satisfatório seria uma maneira de manter, sem mistura, as propriedades das alcaparras.    Di Petta  Nov.2018 


109. PREDADOR DA CEPA DA ALCAPARREIRA



A FOTO 627 MOSTRA A CEPA COM DOIS GALHOS. O DA DIREITA ESTÁ SAUDAVEL, O OUTRO APRESENTA RACHADURAS E ESCURECIMENTO DA CASCA QUE LOGO APODRECE. INICIALMENTE PENSOU-SE EM ATAQUE POR FUNGOS E FOI UTILIZADA A CALDA BORDALEZA. NÃO RESULTOU. AS FOTOS 532 E 535 MOSTRAM OS GALHOS PROXIMOS À CEPA ATACADOS. AS FOTOS 533 E 534 NOS MOSTRAM O ATAQUE DE OUTRO PREDADOR, PROVAVELMENTE INSETO, E QUE ATÉ AGORA NÃO SE CONSEGUIU VER PROVAVELMENTE PORQUE ATACA À NOITE.


108. ALCAPARREIRAS E VIDEIRAS


Na Europa temos seis tipos de climas, quase todos se caracterizam por temperaturas baixas no inverno e, dependendo da latitude, a temperatura média de inverno fica entre 0°C a 10°C. Por esse motivo muitos vegetais assumem um estado de dormência no período frio e esse é o caso das videiras e das alcaparreiras que perdem suas folhas durante o inverno. Todavia quando essas espécies são transferidas para climas mais quentes, intertropicais, como exemplo a região de Brazópolis, MG, onde as temperaturas médias invernais podem variar bastante, às vezes ocorrem brotações e frutificação no outono e mesmo durante o inverno.



As fotos 516, 517, 519, 520 mostram brotações e frutificação no cultivo de três videiras ao final do outono, o que não é comum, a menos que se tomem providencias para obter duas colheitas por ano.

Nas proximidades, em uma roça de 150 alcaparreiras que estão sendo cultivadas para a obtenção de variações genéticas, 50% delas estão em pré estagio de dormência conforme se vê na foto 525 e também na foto 526 (planta em segundo plano). As outras fotos mostram as plantas em brotação e florescimento. Em climas mais frios muito dificilmente ocorre essa brotação e frutificação temporã e acredito que a planta precisa desse descanso e talvez por isso seja uma planta longeva.  O que temos constatado nessa experimentação em nosso clima é que algumas plantas frutificam durante quase 10 meses ao ano, enquanto que em seu local de origem isso acontece somente nos meses quentes do verão.

O estresse, advindo da alteração das temperaturas a que a espécie estava ajustada certamente irá forçar o aparecimento de variações tendentes a adaptar a planta para um novo comportamento de mínimo consumo de energia. Todavia isso ocorrerá em prazo muito longo e somente nas plantas com multiplicação sexuada.