ALCAPARRAS (CAPERS, KAPERN, CÂPRE, CÀPPERO).
O autor responde: sergio.di.petta@cmg.com.br
Envie para o autor suas dúvidas sobre plantio, colheita e cura da alcaparra e o seu uso no preparo dos pratos.

sexta-feira, 22 de novembro de 2019

113. CONSERVAÇÃO DAS ALCAPARRAS


É muito antiga a necessidade humana de conservar seus alimentos para a utilização posterior. O sal, o frio e o calor foram, talvez, os métodos ancestrais mais utilizados pelos homens.

Azeitonas e alcaparras são conhecidas e consumidas pelos seres humanos há pelo menos três milênios, mas absolutamente não as comemos ao natural devido não serem palatáveis por conterem oleuropeina, as primeiras, e um glicosídeo, as segundas, ambas substâncias muito amargas ao nosso paladar. Por isso, antes de pensar-se em conservá-las para consumo posterior, temos que retirar as substancias que as tornam amargas.

Nossos antepassados utilizavam o sal, cloreto de sódio, para todas as curas e procedimentos e também sal e água, a salmoura,  e  esse foi o primeiro tratamento feito para a retirada das substancia indesejáveis de ambos os alimentos em questão. A essa cura segue-se uma fermentação láctica que torna esses alimentos mais agradáveis ao nosso paladar. No caso das azeitonas um processo de cura mais recente, utilizando hidróxido de sódio inventado na Califórnia, EUA, abrevia o tempo de cura e melhora a qualidade do produto.

É milenar o processo utilizado para retirar o amargor da alcaparra recém colhida. O sal, de preferência não  muito fino, irá desidratar parcialmente as alcaparras retirando junto o glicosídeo. Acontece também nessa hora a fermentação láctica que melhora o aroma e o sabor do condimento. Apesar de alguma informação errônea existente na mídia, essa água deve ser retirada para não comprometer o sabor das alcaparras que, em seguida, devem ser lavadas para remover o excesso de sal.  O processo de cura demora em torno de 20 dias nos quais as alcaparras permanecem nessa salmoura. Por isso alguma quantidade de sal penetra no botão floral e mesmo que se lave abundantemente não será possível retirar todo o sal, motivo pelo qual  as alcaparras são salgadas não somente pelo sal de conservação mas também pelo de cura.

Uma vez pronta para o consumo é necessário algum tipo de procedimento para que não sejam atacadas por fungos e bactérias durante o período  em que são comercializadas e usadas. Esses procedimentos devem estar atentos principalmente para o  desenvolvimento da bactéria clostridium botulinum, cuja toxina causa o botulismo, doença rara porém de cura muito complicada. A conservação das alcaparras se faz principalmente por quatro procedimentos.

1-   Água, vinagre e sal.
2-  Somente sal.
3- Azeite ou óleo.
4- Vinho.

Esses métodos são utilizados há centenas de anos. Entretanto na ilha de Pantelleria (Sicilia, Itália) os produtores, de uma forma quase religiosa, preferem conservar somente no sal marinho e explicam: a alcaparra é um condimento com aroma e sabor próprios. A mistura com qualquer outro gosto ou perfume irá prejudicar sua fragrância.


A conservação das alcaparras somente no sal implica em mantê-las em contato com o NaCl em quantidade de 10 a 33 %, e nesse caso poderão ser conservadas por dois ou mais anos, mas existem dois inconvenientes. O primeiro é que ficam muito salgadas e antes de utilizá-las devem ser bem lavadas, como se faz com o aliche ou com o bacalhau.  Mas no caso da alcaparra e do aliche o sal não sai totalmente. Como a alcaparra é um condimento, deve-se prever que o sal sobejante nas alcaparras irão servir para salgar a comida que está sendo feita. O outro inconveniente é que deve-se revolve-las de vez em quando para que algumas não fiquem por muito tempo com pouco sal. Mas, difícil de quantificar, resta sempre uma certa quantidade de sal dentro do botão floral que poderá protegê-lo do ataque de fungos e bactérias.


O básico necessário seria manter as alcaparras somente no sal.  Entretanto pelos motivos expostos, comercialmente, tornou-se mais vantajoso colocá-las para a venda em  água com vinagre e sal. Ora, o vinagre altera o sabor e o aroma das alcaparras, por que, então utilizá-lo?  Sucede que para haver certa segurança contra a proliferação de bactérias, especialmente a clostridium botulinum, é necessário manter um PH abaixo de 4,5  e nesse caso o vinagre de vinho, abundante nos países que foram os primeiros produtores de alcaparras (porque agora o Marrocos é o maior produtor)  foi o escolhido como acidificante. 


Porém, outro motivo também com viés comercial é o fato de que as alcaparras na água de vinagre, ou água e sal (foto 4),  ficam mais bonitas de se ver porque redondinhos e cheias de água, com aqueles pontinhos cinzas. Pesam até 30% a mais do que as secas no sal.

A conservação no azeite também tem algumas ocorrências que devem ser bem analisadas.  A primeira delas é que se colocarmos alcaparras e azeite na geladeira, o azeite se tornará sólido (pastoso) a 14 ºC.  Esse fato poderá tornar mais trabalhosa a utilização das alcaparras quando for fazer um molho com manteiga. Pode-se, todavia, utilizar uma mistura de azeite e óleo de soja, por exemplo, que impedira o congelamento. Por outro lado, o azeite ou o óleo protege as alcaparras do desenvolvimento de bactérias aeróbias mas não das anaeróbias.  Nesse caso para evitar a toxina produzida eventualmente pela bactéria devemos acidificar  o azeite para que fique  com PH abaixo de  4,5 .

A conservação no vinho é pouco utilizada para grandes períodos e escassamente usada na culinária atual.

Existem outras maneiras de conservar alcaparras em solução de água e sal acidificada com acido acético ou cítrico e a pasteurização é uma delas.  Certas bactérias suportam temperaturas de 100ºC e seria, portanto, necessário uma autoclave que chegasse a 121ºC para destruí-las.  No entanto a toxina que causa o botulismo é anulada a 80ºC.   São também bastante utilizados como conservantes o sorbato de potássio e o benzoato de sódio para impedir o desenvolvimento de bactérias.  As alcaparras importadas do Marrocos e de outros produtores, que às vezes demoram muito tempo (e não se sabe quanto porque não informam o ano em que foram colhidas)  dentro do sal até chegarem ao consumidor final precisam que se lhes adicione acidificante cítrico ou ascórbico e também sorbatos e benzoatos.  São alcaparras já envelhecidas, as vezes se desfazendo, e vendidas a preços menores para as indústrias de molhos etc.

Quem puder escolher deve comprar alcaparras sem conservantes e de preferência somente conservadas no sal.    21.nov.2019

segunda-feira, 27 de maio de 2019

112. ESTERÓIDES PRESENTES NAS SEMENTES DAS ALCAPARREIRAS

(Sterol composition of caper - spinosa- seeds)

Estudos feitos por Nizar Tlili e outros nos laboratórios do Departamento de Biologia da Faculdade de Ciências de Tunis, Tunisia, sobre a presença de esteróides nas sementes das alcaparreiras (caparis spinosa) resultaram na importância dessas sementes para a indústria química e farmacêutica, conforme se poderá verificar nas tabelas abaixo.


No Brasil, segundo experiências realizadas em Brasópolis, MG,  a floração da planta é bastante longa e, dependendo das variações do clima -temperatura-,  pode iniciar em agosto prolongando-se até meados de maio!  Naturalmente nos primeiros três ou quatro meses a produção é maior, decrescendo até chegar a maio. Ao final da floração, com o decréscimo substancial na produção de botões florais, poderá não ser econômico fazer a colheita das alcaparras. Nesse caso poder-se-a deixar florescer para a produção de sementes. Cada flor originará mais do que 100 sementes.  O recolhimento dessas sementes assim que estejam prontas - marrom escura - e cuidando para que as formigas não façam a colheita antes, originará para o agricultor uma renda extra uma vez que se inicia a procura dessas sementes para a extração de seus componentes essenciais.

sexta-feira, 5 de abril de 2019

111. CORREÇÃO: PAGINA 51 DO LIVRO O "CULTIVO DE ALCAPARREIRAS"




PAGINA 51 DO LIVRO O  "CULTIVO DE ALCAPARREIRAS"




CORREÇÃO: ONDE DE SE LÊ 1 GRAMA LEIA-SE 1,6 GRAMAS NO MÍNIMO, DEPENDENDO DO TAMANHO DAS SEMENTES E DE SUA UMIDADE.