ALCAPARRAS (CAPERS, KAPERN, CÂPRE, CÀPPERO).
O autor responde: sergio.di.petta@cmg.com.br
Envie para o autor suas dúvidas sobre plantio, colheita e cura da alcaparra e o seu uso no preparo dos pratos.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

6. ALCAPARRAS (1)

                                          Alcaparreiras em produção, setembro de 2008.


ALCAPARRAS.

Neste mês de dezembro vou falar sobre alcaparras, de minha experiência com esse tempero sobremaneira interessante. Ao longo deste mês, toda quinta feira, haverá uma nova postagem com alguma novidade sobre o condimento milenar usado por Augusto, imperador Romano, quando em seu triclínio, à mesa, ordenava ao servo grego: - Ponha mais alcaparras nesse filé de javali seu...
Bem, para afirmar que se trata de uma mercadoria importante no mundo dos negócios, começaremos por dizer que somente o Marrocos, maior produtor mundial, produz 20 mil t/ano, exportadas para a Europa e EUA. Somadas às produções dos outros países da Bacia Mediterrânea (15 mil t/ano- somente a Turquia produz 5 mil t/ano) e estimando, por baixo, um preço médio de 5 dólares/quilo quando vendido a granel, veríamos que se trata de um mercado de, no mínimo,  cento e setenta e cinco milhões de de dólares!
O Marrocos obtém uma parte ponderável de sua receita com exportações de alcaparras e os produtores, agora, estão tendo o apoio de organismos do governo e também ajuda financeira de organismo oficial dos EUA para melhorar a qualidade do produto.
Nosso presidente tem se preocupado em ajudar os países africanos, o que é meritório, entretanto, aqui em nossa terrinha, nós os pequenos produtores (inclusive os sem terra que foram assentados), estamos esquecidos pelos poderes, ditos, públicos. Apesar da excelente reportagem que saiu no Suplemento Agrícola do Estadão referente à primeira colheita de alcaparras, apesar de eu ter mandado, gratuitamente, para alguns órgãos governamentais exemplares do livro sobre alcaparras, nem sequer recebi a comunicação do recebimento, o que demonstra o desinteresse e desconhecimento por parte dos órgãos oficiais. Ressalvo, entretanto, que, às vezes, o excesso de trabalho dos homens públicos faz com que ocorram fatos como esse.
Ao mesmo tempo em que isso ocorre não consigo entender, contudo, a gastança a fundo perdido de milhões de reais para produzir biodiesel com óleo de mamona, com a desculpa de viabilizar financeiramente pequenas propriedades. Trata-se de um óleo mais nobre e caro do que o diesel do petróleo e cuja obtenção esbarra em problemas de mecanização da lavoura da mamona. Acresce dizer que enquanto o petróleo custar 80 dólares o barril não haverá espaço para outros óleos combustíveis de origem vegetal. Mormente se acreditarmos no Pré-Sal!
Com meia dúzia de patacas poder-se-ia viabilizar a produção de alcaparras e beneficiar centenas, ou talvez milhares, de pequenas propriedades rurais, fixando os verdadeiros agricultores no campo. Atentem para o fato de que eu não estou dizendo que não se devam procurar alternativas renováveis para os combustíveis, mas tão somente que existem outras maneiras de beneficiar as pequenas propriedades.
Na África (Marrocos, Tunísia etc.), há algum tempo estão dando suporte aos pequenos produtores e por isso, hoje, eles produzem 20 mil toneladas/ano do condimento, gerando divisas para o país. Di Petta 20.11.10

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