ALCAPARRAS (CAPERS, KAPERN, CÂPRE, CÀPPERO).
O autor responde: sergio.di.petta@cmg.com.br
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quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

14. GRUMIXAMA (1)


O bairro do Alto da Lapa, em S. Paulo, começou a se desenvolver na década de 30. A saudosa Cia. City havia feito um loteamento com uma tecnologia que infelizmente se perdeu, orientando o traçado das ruas pelas curvas de nível do terreno. Avenidas e ruas largas, arborizadas com ciprestes e acácias que na primavera se cobriam de flores amarelas e roxas, enfeitavam aquele resto da mata atlântica que havia sobrevivido às roças de milho e mandioca. No final da década de 30 e durante os anos da grande guerra mundial, a Caixa de Pensões e Aposentadoria dos Ferroviários da São Paulo Railway construiu casas para seus afiliados nos terrenos marginais daquele loteamento, naturalmente mais baratos, de maneira que grande número de famílias passou a residir na região.
Em 1940 ainda havia muitos terrenos baldios cobertos do que restava da vegetação autóctone. Alguns, mais planos e grandes, serviam de campinhos de futebol para toda aquela criançada, filhos dos ferroviários. Após as cansativas peladas do final de tarde os guris percorriam o que restara de mata nos terrenos não construídos para procurar alguma fruta a fim de repor as energias perdidas. Amoras, guabirobas e grumixamas, cada qual na sua época, eram devoradas ainda verdes.
O progresso consumiu todos os terrenos e as grumixamas permaneceram somente na memória. Ninguém se interessou em cultivar e em melhorar a espessura da polpa daquela que é a prima pobre das cerejas.
Quatro lustros depois, neste Sul de Minas Gerais, encontrei para comprar uma mudinha de grumixama. Plantada e cuidada com carinho está produzindo flores lindas e frutos com sabor da infância. (continua)

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