ALCAPARRAS (CAPERS, KAPERN, CÂPRE, CÀPPERO).
O autor responde: sergio.di.petta@cmg.com.br
Envie para o autor suas dúvidas sobre plantio, colheita e cura da alcaparra e o seu uso no preparo dos pratos.

domingo, 13 de novembro de 2016

106. ALCAPARRAS, A VIABILIDADE COMERCIAL DE SUA PLANTAÇÃO

           ALCAPARRAS                                

Importância da alcaparreira (capparis spinosa, variedade inermes).
                                              SÉRGIO DI PETTA




A estatística acima, da UNcomtrade ” (ONU), mostra exportação de alcaparras do Marrocos  para diversos países. O Marrocos é o maior produtor mundial.

Em 2013 o Brasil importou, somente do Marrocos,  943,918 ton. A Venezuela importou, também do Marrocos, 2.151,505 ton. O Marrocos exportou nesse ano mais do que dezessete mil toneladas!

No mercado varejista brasileiro, alcaparra de média qualidade vendida em embalagens de 60 gramas custa em torno de R$6,00, ou R$100,00 o kg. Portanto, somente as alcaparras importadas do Marrocos movimentam no Brasil, na ponta varejista, R$ 94.391.800,00 ou USD $28.365.599,00. Considerando as importações de outros países como Espanha e Itália a cifra pode chegar a mais do que trinta milhões de dólares! Não se pode desprezar esse mercado.

De maneira sintética vejamos alguns fatos pertinentes à produção e mercado das alcaparras.


1.     O Marrocos é o maior produtor mundial.  Em 2014 exportou US$43.663.831,00 correspondente a dezoito milhões de quilos.



2.    A Venezuela importou no mesmo ano US$8.007.652,00.

3.    Nas ilhas italianas de Pantelleria e Eólias, muitas famílias vivem da produção de alcaparras. Na região de Fez, no Marrocos, o cultivo de alcaparras também mantém muitas famílias no campo.  

4.    A produção de alcaparras requer mão de obra diária durante a colheita (3 a 4 meses na bacia mediterrânea; em torno de 6 meses na cultura experimentada em Brazópolis). Devido a isso é uma cultura interessante para pequenas propriedades familiares que se reúnem em cooperativas.

5.    Grandes produções de alcaparras de maneira mecanizada não são viáveis.

6.    É sempre uma produção orgânica uma vez que não se pode e nem deve utilizar agrotóxicos.


     O CULTIVO E A ACLIMATAÇÃO DA ALC APARREIRA NO BRASIL

                                                            Brazópolis, MG.

1.    O cultivo experimental pioneiro de alcaparreiras no sítio São Camilo, em Brazópolis, Sul de MG, tem a principal finalidade de aclimatar a espécie exótica em nosso clima e solo através de reprodução sexuada a fim de obter variações que se mostrem resistentes às pragas e que sejam bastante produtivas. Essas variações é que serão clonadas para a expansão da lavoura comercial. As variações, em geral, não são hereditárias por isso se usa clonar e não multiplicá-las por sementes.

2.    Plantas exóticas precisam de tempo de adaptação. A oliveira tem sido plantada em nossa região há mais de 70 anos. Somente agora estamos colhendo frutos e fazendo óleos razoáveis. Estou trabalhando com alcaparreiras há 16 anos e já tenho pelo menos duas variações interessantes jkkjlçque estão sendo reproduzidas via estaquia de ramos herbáceos ou lenhosos. Essa genética será registrada para os efeitos legais. O ideal seria clonar as variações interessantes através de divisão celular.

3.    O regime de chuvas determinou a cobertura das plantas para que não tivéssemos problemas com fungos, como aconteceu em uma plantação no Uruguai, região com bastante precipitação pluvial. Ali, o aparecimento do fusárium comprometeu a produção uma vez que o combate ao fungo será sempre problemático porque não se deve utilizar fungicidas durante a floração e colheita dos botões florais. O clima onde a planta pode até ser considerada invasora é semi árido, com escassas precipitações no verão, época da colheita.

4.    Entretanto, a mudança climática detectada no sul de Minas Gerais nos últimos 15 anos resultou em diminuição de, talvez, 50% das chuvas em 2014/2015 e aumento de 2 graus centigrados na temperatura! Bom para as alcaparras, ruim para todo o resto.

5.    Tenho mandado sementes para o Ceará, Pernambuco e Goiás para que façam experiências. A finalidade é verificar se a planta poderia se desenvolver no nordeste brasileiro e patrocinar um alento às pequenas propriedades familiares do sertão árido.

6.    A produção de alcaparras poderia complementar a renda familiar em pequenas propriedades rurais. Seria o caso de órgãos governamentais se interessarem pelo assunto.

7.    Uma família cuida, sem muito problema, de 300 plantas. Com o melhoramento genético cada planta poderá produzir 2kg/ano (4 a 5 meses), portanto teriam uma produção anual de 600 kg. Essa produção poderia originar no mínimo R$20.000,00 (USD$6116,00) ou em torno de R$1.600,00/mês. Muitos produtores rurais não ganham isso retirando leite e trabalham 365 dias por ano.

8.    Uma das características mais interessantes na produção de alcaparras é que, diferentemente da produção de leite ou frutas, não é necessário vender a produção a baixo preço logo após a colheita. A alcaparra conserva-se em sal por 5 anos ou mais.

9.    Pelo tamanho de nosso mercado que está em expansão, existe um espaço muito grande para a produção de alcaparras e, certamente, não seria preenchido muito rápido. Ainda que a produção brasileira viesse abastecer o mercado, poderíamos exportar para a America do sul, etc.


                                                O QUE É A ALCAPARREIRA


Alcaparreira é um arbusto rastejante do gênero capparis, espécie spinosa, sendo hoje muito cultivada a variedade inermes. É conhecida e aproveitada há mais de 3000 anos inclusive citada na Bíblia. Além de usos medicinais, hoje é utilizada principalmente como condimento. As fotos abaixo darão uma melhor idéia do que é a planta.

1.      Plantação de alcaparreiras em Pantelleria, Itália.
2.      Vista dos botões florais.
3.      Flor.
4.      Frutos com sementes.
5.      Sementes.
6.      Plântulas germinadas de sementes na perlita.
7.      Botões florais sendo curados no sal.
8.       Alcaparras curadas prontas para consumo.
9.       Vista do alcaparral.
10.   Sala higiênica e telada para a cura das alcaparras.
11.    Vista dos contentores com alcaparras na salmoura.
12.    Vista do local da lavagem e preparação.  

6 comentários:

  1. Olá,
    Sr. Sérgio, como vai?
    Me chamo Daniel Galera, sou produtor rural em Botelhos-MG. Estou interessado no cultivo da alcaparra.
    Meu e-mail é: daniel.galera2013@gmail.com.
    Obrigado pelo seu trabalho de pesquisa e paciência para torna possível o cultivo dessa cutura no Brasil.
    Tomei conhecimento da sua atividade através do produtor rural de São Bento do Sapucaí, Rodrigo Veraldi (comprei mudas de lúpulo dele). Experimentei as alcaparras produzidas pelo senhor, muito boas por sinal.
    Grnde abraço e aguardo uma resposta. Se quiser me mande no e-mail.

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  2. olá Sérgio,Meu nome é Fernando produtor de café em Monte Belo MG olhando sobre a cultura de alcaparras me interessei muito pela cultura gostaria de saber mais sobre ela,se tem a possibilidade de adquirir mudas e saber mais sobre o manejo da cultura desde de já grato pela matéria.

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    1. Fernando, por alguns motivos não sei se lhe respondi. Neste blog aparece um livrinho que escrevi sobre a cultura da planta. Somente agora pudemos iniciara clonagem das plantas para colocá-las no mercado. Iniciada as experiencias de clonagem ainda demorará mais de ano para poder vender mudas.

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  3. Parabéns pela aula e pela dedicação. Gostaria de testar no oeste da Bahia, região de Luís Eduardo Magalhães e Barreiras. Temos diferentes microclimas e solos. Desde clima desértico, frio à noite e quente ensolarado de dia, a clima sempre quente. Chuva somente 6 meses do ano. Solos arenosos, calcários ou lateriticos. Enfim, agradeço se puder me mostrar um caminho.

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  4. Luciano boa tarde. Obrigado pelo contato. Realmente a região do nordeste seria mais indicada para o cultivo dessa especiaria. Estamos iniciando a clonagem das melhores genéticas mas ainda teremos um ano pela frente.

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  5. Boa tarde, Sergio, primeiro parabéns pelo trabalho, sou aluno de mestrado do programa de tecnologia de alimentos da UNICAMP, e vou iniciar um estudo com os compostos, antes de iniciar realmente estou colhendo informações sobre as etapas de produção, poderia entrar em contato pelo e-mail p253182@dac.unicamp.br, se puder ajudar, agradeço.

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