ALCAPARRAS (CAPERS, KAPERN, CÂPRE, CÀPPERO).
O autor responde: sergio.di.petta@cmg.com.br
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terça-feira, 28 de agosto de 2012

79. ÁGUA (1)


             


Há trinta e cinco anos cuido de uma pequena propriedade rural. O homem do campo sabe que propriedade sem água nada vale. Nós, humanos, precisamos de água para sobreviver. Sem água não se cria gado; a imensa maioria dos vegetais não prospera sem umidade. Enfim, água é sinônimo de vida. Venho, durante esse tempo, estudando a variação de temperatura bem como a freqüência das chuvas que, naturalmente, são responsáveis pelo nível do lençol freático e até pelas águas mais profundas, artesianas.

A casa sede, estabelecida a 100 anos fica, como é natural, próxima a uma pequena mina d’água. Em todos esses longos anos ela nunca deixou de fornecer o fluido da vida em quantidade compatível com o gasto normal de uma família que, naqueles tempos, era numerosa. Servia também para matar a sede de porcos, galinhas e algum gado de leite. Na estação das chuvas jorrava de um cano de duas polegadas. Na pior das secas ainda fornecia quase meia polegada de água. Nos últimos 15 anos, porem, o regime pluvial tornou-se irregular, às vezes com pouca chuva invernal e quase nenhuma no início da primavera, obrigando o agricultor a iniciar o plantio do milho ou feijão, não mais em setembro/outubro, mas sim no fim de novembro. Esse não é, todavia, o principal motivo do fracasso da mina d’água que durante tanto tempo abasteceu a propriedade.

As águas do lençol sub-superficial, via de regra, são responsáveis pelas minas d’água existentes e essa água é, a cada estação chuvosa, reposta para manter o fornecimento das fontes. Um manancial poderá secar por três motivos:
1. Por diminuição acentuada das precipitações pluviais (menos plausível).
2. Porque houve um aprofundamento da fonte e está sendo retirada mais água da que, normalmente, a fonte poderia fornecer.
3. Porque as terras a montante estão impermeabilizadas e não permitem a penetração das águas das chuvas que iriam repor o nível freático.

Estamos no final de agosto e a foto nº 1 mostra que a fonte secou, isto é, o nível do lençol freático tornou-se mais baixo do que o ponto de saída do manancial.  A foto 2 mostra o principal motivo da ocorrência. Vemos ali uma pastagem em declive, muito apiloada pelos cascos do gado. Os cupinzeiros são indicativos de que há mais de 10 anos não é feita uma subsolagem ou aração em curvas de nível para possibilitar a penetração das águas. Do jeito como está toda a água das chuvas correrá rapidamente, inclusive pelos caminhos deixados pelo gado, em direção ao riacho mais próximo. Mesmo durante as chuvas continuadas pouca água penetrará no solo endurecido. A foto 3 nos mostra uma área reflorestada, ainda que seja com eucalipto, onde a braquiária vegeta em pleno inverno porque sofre menos com a inclemência do calor solar e dispõe de mais umidade. Qualquer área reflorestada retém mais umidade e facilita sua penetração no solo.

Outro motivo que contribui para a diminuição das águas do sob-solo é seu represamento porque, se por um lado facilita a penetração de água no solo, por outro promove uma exacerbada evaporação e não sei dizer se a quantificação desse balanço beneficia ou prejudica o nível das águas freáticas.   


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