Por que cobrir?
Quando se percorre a Ligúria, na Itália, ou o que
se poderia chamar de Alpes Marítimos Italianos, no entorno de Ventimiglia e
adiante, nota-se, nas encostas íngremes dos contrafortes dos Alpes, muitas
“estufas” com armações de ferro e cobertas de vidro que, às vezes, são caiadas
ou pintadas de branco. São proteções contra os ventos e baixas temperaturas
necessárias para o cultivo de hortaliças e outros vegetais. Constituem-se em
construções antigas, de custo elevado, quando ainda não se dispunha dos
plásticos transparentes modernos a prova de URV.
Nos países frios, onde o inverno rigoroso pode
trazer neve abundante, torna-se evidente a necessidade de proteger as culturas
que, de outro modo, pereceriam ou estariam em hibernação. Porque, então,
proteger os vegetais em latitudes onde o clima impõe temperaturas amenas?
Existe uma carrada de razões, se não vejamos:
- Chuvas em abundancia,
cuja umidade facilita o aparecimento de fungos, como o fusário e outros
fungos.
- Queda de granizo, que poderá ocasionar a
perda total da produção da horta e inutilizar ou ocasionar a perda de
qualidade dos frutos.
- Insolação em excesso, que poderá
“queimar” as verduras de folhas.
- Em plantações não
protegidas a infestação de insetos será sempre mais facilitada.
Outras razões ainda existem, entretanto o que foi
dito, nos basta para embasar o argumento da necessidade de cultivar certos
vegetais em condições de monitoramento de temperatura e umidade. É evidente
que, por enquanto, não existem condições de aplicar essa sistemática em
plantações muito extensas como roças de milho, soja e quejandos, mas dia virá
que também isso será realizado.
Há mais de dez anos, quando iniciei o cultivo das
alcaparreiras, providenciei a cobertura das plantas porque em seu local de origem
esses vegetais estão adaptados em um regime de chuvas, próprio de clima
semi-árido, com invernos frios e secos e verões com chuvas parcimoniosas.
Essa solução mostrou-se, através dos tempos,
apropriada uma vez que não tivemos nesses mais do que 13 anos nenhum ataque
fúngico como ocorreu no Uruguai com essa cultura. Como se sabe a umidade que
permanece nas folhas do vegeta,l por muito tempo, pode vir a facilitar o
aparecimento e desenvolvimento de fungos que, muitas vezes, atraem insetos e
essa dicotomia é prejudicial ao
desenvolvimento do vegetal chegando a inviabilizar totalmente a produção. Note
que no caso das alcaparreiras não se deve aplicar inseticidas e nem fungicidas,
não permitidos pela boa técnica, durante a produção dos botões florais.
Por todos esses motivos meu amigo e consultor
técnico, eng. Rodrigo Veraldi, que tem a primazia como produtor de vinhos de qualidade na Serra de
Campos do Jordão, adotou a cobertura de suas videiras, tanto para protegê-las
da umidade excessiva como também dos pássaros vorazes.
Para finalizar vejam, nas fotos acima, uma maneira
bastante barata de construir essa cobertura. O plástico poderá ser de espessura
100 ou 150 micra e com proteção URV. Os apoios foram construídos com um moirão
de cerca comum, onde foi encaixado e pregado em sua extremidade superior um
pedaço de caibro. O arco, que suporta o plástico, foi feito com ferro de
construção 3/8’, coberto com um tubo preto de pvc de ½’ . Um conjunto de dois apoios é suficiente para
até 10m de extensão. O plástico deverá ser amarrado conforme mostra a foto
C774.