Em
minha postagem n.° 95 escrevi sobre o plantio de eucaliptos em uma área muito
inclinada e ocupada por um pasto degradado porque, ao longo do tempo, foi muito
pisoteada pelo gado sem a necessária reforma através de arações e combate a
formigas e cupins. Em terrenos inclinados a existência de pastos ralos é o
motivo maior da diminuição do nível do lençol freático. Isso porque as chuvas
encontrando terreno apiloado e íngreme escorre rapidamente para os córregos e a
quantidade que penetra efetivamente na terra é mínima. Em terrenos arborizados,
ainda que seja com eucaliptos, uma maior quantidade de água irá permanecer no
local e haverá maior retenção de água necessária ao subsolo. Além disso, o
sombreamento do local impedirá uma rápida evaporação contribuindo ainda mais
para o refazimento do nível freático prejudicado pela existência de pastos
inclinados e apiloados. Enfim, me parece evidente que terrenos arborizados
contribuam para a manutenção de minas d’água. Nesta seca excepcional de 2014
pudemos constatar que, mesmo área plantada com eucaliptos a montante de minas
d’água, proporciona a manutenção do nível do lençol freático, enquanto que
aquele olho-d'água, a jusante de pastos inclinados e apiloados, secou
completamente pela primeira vez em 80 anos! Portanto é necessário rever a lenda
de que eucalipto seca água. Essa bendita árvore consome água como qualquer
outra e se faz necessário um estudo mais acurado e profissional para determinar
parâmetros de consumo e benefícios quando se trate de substituir pastos
degradados por plantação de eucaliptos.
Hoje
na mídia, se fala muito em percentuais de chuva. “Choveu este mês 30% a mais do
que seria de esperar etc.”, entretanto seria conveniente repisar o conceito de
chuvas de prazo de recorrência maior ou menor, e isso vale também para a seca,
isto é, a recorrência da falta de chuvas. A região sudoeste do Brasil está
atravessando a pior seca dos últimos oitenta anos (ou seriam 71 anos?). O fato
é que na região do sul de Minas Gerais, Brazópolis, onde pretendi substituir um
pasto degradado por eucaliptos, não tivemos as chuvas originadas por frentes
oclusas, aquelas que duram uma semana. Pouquíssimas chuvas de fim de tarde,
ditas de verão, que, às vezes, caem aqui ou acolá. O que aconteceu, portanto,
foi uma seca de prazo de recorrência quase centenária que, coadjuvada pela
existência de pastos apiloados e inclinados, patrocinaram o desaparecimento das
nascentes e diminuição do nível do lençol freático.
A
foto 8431 mostra um eucalipto plantado em janeiro, quando deveríamos ter muita
chuva, morto de sede. Foi usado hidrogel nessa plantação e, como a terra estava
muito seca, não funcionou. As fotos 8421, 8423 e 8432 mostram aspectos da seca
secular. É interessante analisar a construção de açudes em locais altos, isto
é, que não seja várzea. Não creio que o represamento de águas beneficiem o
nível freático, porque com o tempo seu fundo se impermeabiliza mercê do acúmulo
de material de granulação muito fina o que impede que a água filtre para
camadas mais profundas da terra mas, entretanto, ocorre em maior proporção a evaporação, o que,
de certa maneira poderá ser benéfica desde que não deixe as propriedades a
jusante da retenção de água sem esse recurso
imprescindível.
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