Há trinta e cinco anos cuido de
uma pequena propriedade rural. O homem do campo sabe que propriedade sem água
nada vale. Nós, humanos, precisamos de água para sobreviver. Sem água não se
cria gado; a imensa maioria dos vegetais não prospera sem umidade. Enfim, água
é sinônimo de vida. Venho, durante esse tempo, estudando a variação de
temperatura bem como a freqüência das chuvas que, naturalmente, são
responsáveis pelo nível do lençol freático e até pelas águas mais profundas, artesianas.
A casa sede, estabelecida a 100
anos fica, como é natural, próxima a uma pequena mina d’água. Em todos esses
longos anos ela nunca deixou de fornecer o fluido da vida em quantidade
compatível com o gasto normal de uma família que, naqueles tempos, era
numerosa. Servia também para matar a sede de porcos, galinhas e algum gado de
leite. Na estação das chuvas jorrava de um cano de duas polegadas. Na pior das
secas ainda fornecia quase meia polegada de água. Nos últimos 15 anos, porem, o
regime pluvial tornou-se irregular, às vezes com pouca chuva invernal e quase
nenhuma no início da primavera, obrigando o agricultor a iniciar o plantio do
milho ou feijão, não mais em setembro/outubro, mas sim no fim de novembro. Esse
não é, todavia, o principal motivo do fracasso da mina d’água que durante tanto
tempo abasteceu a propriedade.
As águas do lençol
sub-superficial, via de regra, são responsáveis pelas minas d’água existentes e
essa água é, a cada estação chuvosa, reposta para manter o fornecimento das
fontes. Um manancial poderá secar por três motivos:
1. Por diminuição acentuada das
precipitações pluviais (menos plausível).
2. Porque houve um aprofundamento
da fonte e está sendo retirada mais água da que, normalmente, a fonte poderia
fornecer.
3. Porque as terras a montante
estão impermeabilizadas e não permitem a penetração das águas das chuvas que
iriam repor o nível freático.
Estamos no final de agosto e a
foto nº 1 mostra que a fonte secou, isto é, o nível do lençol freático
tornou-se mais baixo do que o ponto de saída do manancial. A foto 2 mostra o principal motivo da
ocorrência. Vemos ali uma pastagem em declive, muito apiloada pelos cascos do
gado. Os cupinzeiros são indicativos de que há mais de 10 anos não é feita uma
subsolagem ou aração em curvas de nível para possibilitar a penetração das
águas. Do jeito como está toda a água das chuvas correrá rapidamente, inclusive
pelos caminhos deixados pelo gado, em direção ao riacho mais próximo. Mesmo
durante as chuvas continuadas pouca água penetrará no solo endurecido. A foto 3
nos mostra uma área reflorestada, ainda que seja com eucalipto, onde a
braquiária vegeta em pleno inverno porque sofre menos com a inclemência do
calor solar e dispõe de mais umidade. Qualquer área reflorestada retém mais
umidade e facilita sua penetração no solo.
Outro motivo que contribui para a
diminuição das águas do sob-solo é seu represamento porque, se por um lado
facilita a penetração de água no solo, por outro promove uma exacerbada
evaporação e não sei dizer se a quantificação desse balanço beneficia ou
prejudica o nível das águas freáticas.
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