ALCAPARRAS (CAPERS, KAPERN, CÂPRE, CÀPPERO).
O autor responde: sergio.di.petta@cmg.com.br
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quinta-feira, 21 de junho de 2012

74. Feijão (1)





O feijão é a proteína e, no jargão do pecuarista, o arroz seria o volumoso. Para as populações mais pobres da Africa e do Brasil essa leguminosa, que atende pelo pomposo nome cientifico de Phaseolus Vulgaris, se constitui no principal alimento de consumo diário. Dependendo da variedade, em  sua composição encontram-se em torno de 17% de proteína, 47% de âmido, 7% de açúcar e dextrina e 0,8% de ácido fosfórico além, de outras substâncias.
Nosso país é o maior produtor e consumidor dessa leguminosa no mundo. Há cinquenta anos em São Paulo se consumia muito o feijão roxinho e no Rio de Janeiro, até hoje, a preferência é pelo feijão preto. Apesar da variedade do feijão consumido ter certa conotação com  o modismo ou paladar, a  realidade é bem outra. É o preço que determina a variedade que será mais consumida na maior parte dos casos. Com exceção do feijão preto relacionado definitivamente à feijoada e aos cariocas, o  mais consumido é, sem dúvida o mais barato e este, por consequencia é aquele de menor custo de produção.
Para o produtor, desde algum tempo, o feijão carioquinha, da foto acima, é o que apresenta a melhor relação custo/produção, e por isso se impôs ao mercado. Lembro que em 1994, por ocasião do plano real que livrou o Brasil da praga da inflação acelerada, o feijão custava R$0,55 o kg. Neste mês de abril passado a saca de 60 kg chegou a custar o absurdo de R$240,00!, ou seja R$4,00 o kg no atacado, chegando a quase R$6,00 no varejo. Grande parte do feijão consumido provem de plantações mecanizadas uma vez que o trabalho de colher e bater o feijão manualmente só se justifica para lavouras pequenas. Esse é o caso de plantações para consumo próprio em pequenas propriedades.
Durante mais de trinta anos eu tenho plantado feijão para consumo próprio e em nossa região a colheira do feijão da seca (safrinha), regra geral, se dá no inicio de junho. Sem dúvida é um trabalho fatigoso arrancar os pés de feijão à mão com cuidado para não romper as prováveis vagens que já estejam secas e, em seguida, levar o conjunto a um terreiro para que o sol se encarregue da secagem. Nesse final de outono, às vezes, é comum chegar uma onda fria com muita umidade, o que nos obriga a recolher todo o feijão que estava em fase de secamento para um local coberto. Nessa hora reza-se a todos os Santos para que a umidade não perdure porque o feijão, com sua palha amontoado e, às vezes, abafado, poderá embolorar ou germinar. É uma tragédia.
Se tudo der certo teremos a semente seca e pronta para ser estocada, mas se não houver um tratamento prévio  trabalhamos somente para alimentar os carunchos. Existem vários métodos para envenenar as sementes e impedir a ação dos acanthosceles obsoletus (caruncho do feijão). Durante muito tempo meu amigo Tião usava lambuzar todas as sementes com óleo e dizia ser esse um tratamento eficaz. Entretanto, vimos o povo sofrido do nordeste brasileiro armazenar suas sementes em garrafas PET, de um ano para o outro. Que excelente idéia! É evidente que não vamos armazenar uma tonelada de sementes dessa maneira. A solução serve, entretanto, para as quantidades compatíveis com o consumo familiar em pequenas propriedades e assim temos feito como na foto acima.

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