O feijão é a proteína e, no jargão do pecuarista, o
arroz seria o volumoso. Para as populações mais pobres da Africa e do Brasil
essa leguminosa, que atende pelo pomposo nome cientifico de Phaseolus Vulgaris, se constitui no
principal alimento de consumo diário. Dependendo da variedade, em sua composição encontram-se em torno de 17% de
proteína, 47% de âmido, 7% de açúcar e dextrina e 0,8% de ácido fosfórico além,
de outras substâncias.
Nosso país é o maior produtor e consumidor dessa leguminosa
no mundo. Há cinquenta anos em
São Paulo se consumia muito o feijão roxinho e no Rio de
Janeiro, até hoje, a preferência é pelo feijão preto. Apesar da variedade do
feijão consumido ter certa conotação com
o modismo ou paladar, a realidade
é bem outra. É o preço que determina a variedade que será mais consumida na
maior parte dos casos. Com exceção do feijão preto relacionado definitivamente
à feijoada e aos cariocas, o mais
consumido é, sem dúvida o mais barato e este, por consequencia é aquele de
menor custo de produção.
Para o produtor, desde algum tempo, o feijão
carioquinha, da foto acima, é o que apresenta a melhor relação custo/produção,
e por isso se impôs ao mercado. Lembro que em 1994, por ocasião do plano real
que livrou o Brasil da praga da inflação acelerada, o feijão custava R$0,55 o
kg. Neste mês de abril passado a saca de 60 kg chegou a custar o absurdo de R$240,00!,
ou seja R$4,00 o kg no atacado, chegando a quase R$6,00 no varejo. Grande parte
do feijão consumido provem de plantações mecanizadas uma vez que o trabalho de
colher e bater o feijão manualmente só se justifica para lavouras pequenas.
Esse é o caso de plantações para consumo próprio em pequenas propriedades.
Durante mais de trinta anos eu tenho plantado feijão
para consumo próprio e em nossa região a colheira do
feijão da seca (safrinha), regra geral, se dá no inicio de junho. Sem
dúvida é um trabalho fatigoso arrancar os pés de feijão à mão com cuidado para
não romper as prováveis vagens que já estejam secas e, em seguida, levar o
conjunto a um terreiro para que o sol se encarregue da secagem. Nesse final de
outono, às vezes, é comum chegar uma onda fria com muita umidade, o que nos
obriga a recolher todo o feijão que estava em fase de secamento para um local
coberto. Nessa hora reza-se a todos os Santos para que a umidade não perdure
porque o feijão, com sua palha amontoado e, às vezes, abafado, poderá embolorar
ou germinar. É uma tragédia.
Se tudo der certo teremos a semente seca e pronta para
ser estocada, mas se não houver um tratamento
prévio trabalhamos somente para
alimentar os carunchos. Existem vários métodos para envenenar as sementes e
impedir a ação dos acanthosceles
obsoletus (caruncho do feijão). Durante muito tempo meu amigo Tião usava lambuzar todas as sementes com óleo e dizia ser esse um tratamento eficaz. Entretanto,
vimos o povo sofrido do nordeste brasileiro armazenar suas sementes em garrafas PET , de um ano
para o outro. Que excelente idéia! É evidente que não vamos armazenar uma
tonelada de sementes dessa maneira. A solução serve, entretanto, para as
quantidades compatíveis com o consumo familiar em pequenas propriedades e assim
temos feito como na foto acima.
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