ALCAPARRAS (CAPERS, KAPERN, CÂPRE, CÀPPERO).
O autor responde: sergio.di.petta@cmg.com.br
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domingo, 30 de março de 2014

96. Meio ambiente 15 (Seca 2014)


Em minha postagem n.° 95 escrevi sobre o plantio de eucaliptos em uma área muito inclinada e ocupada por um pasto degradado porque, ao longo do tempo, foi muito pisoteada pelo gado sem a necessária reforma através de arações e combate a formigas e cupins. Em terrenos inclinados a existência de pastos ralos é o motivo maior da diminuição do nível do lençol freático. Isso porque as chuvas encontrando terreno apiloado e íngreme escorre rapidamente para os córregos e a quantidade que penetra efetivamente na terra é mínima. Em terrenos arborizados, ainda que seja com eucaliptos, uma maior quantidade de água irá permanecer no local e haverá maior retenção de água necessária ao subsolo. Além disso, o sombreamento do local impedirá uma rápida evaporação contribuindo ainda mais para o refazimento do nível freático prejudicado pela existência de pastos inclinados e apiloados. Enfim, me parece evidente que terrenos arborizados contribuam para a manutenção de minas d’água. Nesta seca excepcional de 2014 pudemos constatar que, mesmo área plantada com eucaliptos a montante de minas d’água, proporciona a manutenção do nível do lençol freático, enquanto que aquele olho-d'água, a jusante de pastos inclinados e apiloados, secou completamente pela primeira vez em 80 anos! Portanto é necessário rever a lenda de que eucalipto seca água. Essa bendita árvore consome água como qualquer outra e se faz necessário um estudo mais acurado e profissional para determinar parâmetros de consumo e benefícios quando se trate de substituir pastos degradados por plantação de eucaliptos.

Hoje na mídia, se fala muito em percentuais de chuva. “Choveu este mês 30% a mais do que seria de esperar etc.”, entretanto seria conveniente repisar o conceito de chuvas de prazo de recorrência maior ou menor, e isso vale também para a seca, isto é, a recorrência da falta de chuvas. A região sudoeste do Brasil está atravessando a pior seca dos últimos oitenta anos (ou seriam 71 anos?). O fato é que na região do sul de Minas Gerais, Brazópolis, onde pretendi substituir um pasto degradado por eucaliptos, não tivemos as chuvas originadas por frentes oclusas, aquelas que duram uma semana. Pouquíssimas chuvas de fim de tarde, ditas de verão, que, às vezes, caem aqui ou acolá. O que aconteceu, portanto, foi uma seca de prazo de recorrência quase centenária que, coadjuvada pela existência de pastos apiloados e inclinados, patrocinaram o desaparecimento das nascentes e diminuição do nível do lençol freático.


A foto 8431 mostra um eucalipto plantado em janeiro, quando deveríamos ter muita chuva, morto de sede. Foi usado hidrogel nessa plantação e, como a terra estava muito seca, não funcionou. As fotos 8421, 8423 e 8432 mostram aspectos da seca secular. É interessante analisar a construção de açudes em locais altos, isto é, que não seja várzea. Não creio que o represamento de águas beneficiem o nível freático, porque com o tempo seu fundo se impermeabiliza mercê do acúmulo de material de granulação muito fina o que impede que a água filtre para camadas mais profundas da terra mas, entretanto,  ocorre em maior proporção a evaporação, o que, de certa maneira poderá ser benéfica desde que não deixe as propriedades a jusante da retenção de água sem esse recurso  imprescindível.