ALCAPARRAS (CAPERS, KAPERN, CÂPRE, CÀPPERO).
O autor responde: sergio.di.petta@cmg.com.br
Envie para o autor suas dúvidas sobre plantio, colheita e cura da alcaparra e o seu uso no preparo dos pratos.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

64. Alcaparras (13)



De uma sorte de sementes de mesma origem nasceram várias alcaparreiras todas semelhantes. Uma delas, porém, apresentou=se completamente diferente. Na foto se pode ver em B, à esquerda, uma alcaparreira normal. Em A, à direita, uma planta bastante diferente. Todos os vegetais com origem sexuada, isto é, provindos de sementes (e não de estaquia –clones- ou divisão celular) podem se originar de uma recombinação genética, ou seja, um rearranjo dos genes durante a produção das células germinativas. Outrora o fenômeno poderia ser chamado de mutação, de qualquer maneira chamando de Pedro ou de Antonio o fato é que a Natureza se pode enganar ou probabilisticamente haver um equívoco, responsável pelo surgimento de variedades. Às vezes essas “mutações” podem ter qualidades interessantes e serem usadas pelo agricultor esperto para melhorar as plantas normais.
Como a nova planta é mais vigorosa, tem galhos mais espessos e fortes, pensei em usá-la como porta enxerto, inclusive porque é pouco produtiva em comparação com as plantas normais. Este ano tentei fazer esse enxerto mas não fui feliz. Quem sabe no próximo ano.


quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

63. Diesel (I)-Biodiesel-



A quase totalidade dos tratores agrícolas existentes no Brasil funcionam com motores a óleo diesel, inventados e patenteados por Rudolf Diesel em 1892! Desde essa data até hoje, nada se inventou que superasse o ciclo diesel para motores estacionários ou para caminhões e tratores. Durante esse tempo, o óleo utilizado tem sido aprimorado a fim de melhorar o desempenho e a durabilidade dos motores. A falta de pureza do cumbustível ou a existência de teores de enxofre maiores do que 10.000 ppm além de diminuir a vida dos motores, leva a um aumento de despesa porque haverá necessidade de trocas de óleo mais frequentes. Os EUA e a Europa, há muito tempo, já superaram o problema e o óleo diesel lá vendido obedece às normas EN590 e ASTM D975. No Brasil infelizmente não! (somente agora, dizem, vão fazer essa experiencia). Vejam o que recomenda uma das fábricas de motores:
1. Recomenda-se uso de combustível com teor de enxofre inferior a 5.000ppm.
2. O uso de diesel com teor de enxofre maior do que 5.000 ppm reduz os intervalos de troca de óleo.
Quando existem empresas estatais manipuladas por políticos pode acontecer toda sorte de disparates tecnológicos e comerciais. O diesel distribuido no Brasil não tem qualidade e, para piorar a situação, inventaram o biodiesel, que se tornou possível graças a um enorme investimento de dinheiro público a fundo perdido. A idéia, em si, de obter um combustível renovável é excelente, mas não a qualquer custo e contribuindo para deteriorar a frota de motores existentes. Combinar sebo de boi com óleo de mamona e outros, processá-los e misturar 2% (pouco?!) ao combalido óleo diesel brasileiro obrigando-nos a usar, sem possibilidade de escolha, (não existe concorrência) é coisa pra doido! Se o trator ficar algum tempo parado a mistura explosiva forma bôrra que entope a bomba injetora. Prejuízo: R$2.000,00.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

62. Lichia (1)


Foto 1 - lichia em flor
                                                                  
                                                                
                                                                  

Foto 2 lichia com frutos


                                                      

                                                           
                                                         
Foto 3 - frutos e caroços












Litchi Chinensis (Lychee nut) ou Lichia, como o nome indica, é originaria da China. Atualmente já está bastante difundida no Brasil e em dezembro, por ocasião das festas de fim de ano, podemos encontrá-las em supermercados e feiras, porém, nessa época, o preço ainda é bastante alto, chegando a R$18,00 o quilo.
A foto nº 1, tirada no mês de setembro de 2011 mostra uma árvore, resultante de semente, com uns 12 anos, em plena floração. A mesma árvore na foto nº2, tirada no início de janeiro de 2012, mostra pencas de frutas maduras na característica cor vermelha. Antes que sirva de alimento a toda espécie de vespas e pássaros, convém fazer a colheita. Após uma semana de colhida, a casca do fruto se torna marrom e fica quebradiça. Entretanto a polpa continua doce e comestível durante algum tempo. Acondicionado em bandejas e cobertas com filme plástico conservam a cor e consistência da casca durante um tempo maior.
A lichia tem uma polpa muito saborosa mas, em geral, em pequena quantidade entre a casca e o enorme caroço. Normalmente quanto maior o fruto maior o caroço. Entretanto nas frutas menores, e excepcionalmente nas maiores, podemos encontrar caroços não desenvolvidos conforme se pode ver na foto nº 3. As frutas onde isso ocorre possuem muito mais polpa. A lichia castiga o pecado da gula uma vez que quem escolhe as maiores frutas come as menores polpas!
É possível que já existam variedades desenvolvidas para produzir somente caroços pequenos e se isso ainda não foi feito está na hora dos acadêmicos se mexerem.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

61. Meio ambiente (11)

Como já foi dito, não será viável fazer valer uma única norma para disciplinar a utilização das terras de todo este imenso país, afinal não podemos comparar uma propriedade na Região Amazônica a uma outra na Serra Gaucha. Por isso aquela região deve ter um tratamento personalizado.
Existem, entretanto, alguns conceitos que independem de onde se localize as propriedades. A proteção de nascentes, córregos e rios, a proteção de manguezais e orlas litorâneas, a proteção de encostas de forte inclinação passiveis de escorregamento de terras e rochas, a proteção de lagos e alagados são assuntos para os quais não pode existir controvérsia. Por isso as Câmaras que legislam para toda a República deveriam se ater ao essencial, às linhas mestras, deixando o detalhamento para cada Estado ou Prefeitura. Alguém poderia dizer: prefeitos e vereadores corruptos, e são muitos, iriam deitar e rolar estabelecendo um balcão de venda à varejo de leis e regulamentos para liberar terras até aquelas das Reservas Legais. E isso irá de fato acontecer se a Polícia e a Justiça continuarem inoperantes por não saberem em que legislação se basear. Nossa esperança é o Ministério Público, mas principalmente a mídia jornalística e televisiva, para conter os abusos. Quando a corrupção não é punida exemplarmente, e às vezes é até incentivada, não há lei que dê jeito.
Esse bendito código que pretende disciplinar o correto uso das terras e águas no país inteiro deveria ser bem sucinto; parágrafos curtos, palavras comuns e idéias claras para que, na seqüência da sua aplicação, não viesse atravancar ainda mais nosso lerdo Poder Judiciário. O texto não pode deixar dúvidas ou possibilitar interpretações.
Obrigatoriamente a lei deverá dizer, claramente, o que o proprietário poderá fazer e não simplesmente estabelecer de maneira hermética as proibições. Uma vez estabelecidas em uma propriedade as áreas de preservação e aquelas necessárias nas margens dos cursos de água etc., em todas as outras o agricultor terá que ter plena liberdade de dispor sem interferência de agentes de nenhum dos numerosos órgãos fiscalizadores. Do jeito como está hoje, o camponês vive sobressaltado com medo de colocar fogo em um pé de urtiga que lhe nasça na porta da cozinha ou cortar guanxuma para fazer vassoura.