ALCAPARRAS (CAPERS, KAPERN, CÂPRE, CÀPPERO).
O autor responde: sergio.di.petta@cmg.com.br
Envie para o autor suas dúvidas sobre plantio, colheita e cura da alcaparra e o seu uso no preparo dos pratos.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

56. Eucaliptos


Foto 1

Foto 2
















Foto 3


As fotos 1 e 2 mostram um eucalipto doente que apresenta a casca em escamas grossas, escuras quase pretas, e que cobrem todo o tronco da árvore. Às vezes, nas ranhuras entre os finos pedaços da casca que parecem querer se soltar, as abelhas arapuás se infiltram tentando obter alguma seiva, piorando ainda mais o aspecto do vegetal.
São poucas as árvores atacadas, menos de 0,01%, mas procurei saber do que se tratava. Existe escassa literatura em português cujo acesso possa ser fácil ao pequeno agricultor isto é, explicações objetivas com palavras simples e fotos em cores. A maioria dos trabalhos academicos são essencialmente teóricos, com dezenas de citações de autores de livros extrangeiros impossiveis de serem consultados. Dificilmente priorizam o aspecto prático das coisas. Na realidade está faltando uma interface entre a universidade o o setor laborativo que permita, àqueles que de fato necessitem das informações, obtê-las ainda que seja através da mídia eletrônica. Os conhecimentos não podem e não devem permanecer herméticos nos centros do saber escondidos atrás de extensa teoria. Afinal o que interessa é a prática.
Ao que tudo indica a doença chamada de cancro do tronco é devida ao ataque de fungos (Cryphonectria cubensis) e
tem sido combatida através do desenvolvimento de variedades resistentes. No caso de pequenas propriedades onde as árvores são poucas pode-se tentar a utilização de fungicidas no inicio da doença. O hipoclorito de sódio diluido tem sido usado para a eliminação do fungo.
A foto 3 nos mostra uma curiosidade. A floração em um eucalipto urograndis com 2 anos e meio aparecendo no proprio tronco como se a planta fosse uma cauliflora

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

55. Madeira na pequena propriedade (2)

Foto 1


A madeira é essencial e insubstituível para a pequena propriedade. Quem dispõe de alguma terra deve, antes de tudo, ter algumas dezenas de eucaliptos plantados para, em primeiro lugar obter os moirões necessários para a cerca.
Uma propriedade de 30 ha, pouco mais do que 12 alqueires, necessita para seu cercamento um mínimo de 1500 moirões se considerarmos um espaçamento de 2m entre eles. Se tivermos algumas cercas internas esse número chegará a uns 2300 moirões ou 191 dúzias! Considerando que um eucalipto com 20 anos poderá originar, grosso modo, 8 dúzias de moirões, teremos que derrubar 24 árvores executar esse serviço. Se a propriedade não tiver eucaliptos o proprietário deverá comprá-los a razão de R$60,00 por dúzia totalizando R$11460,00!
Um moirão de eucalipto serrado, com pouco ebúrneo, sem casca, poderá durar, dependendo da qualidade da madeira, de 10 a 15 anos. Passar óleo usado de motor na parte que será enterrada é uma boa prática e poderá aumentar a durabilidade da madeira. É interessante notar que a parte do moirão que apodrecerá primeiro está no limite entre a parte enterrada e a parte aérea. Ali a madeira fica sujeita a água das chuvas e à oxidação pelo ar. Devido a esse fato eu tenho “tratado” o moirão com óleo queimado somente um palmo acima e um abaixo da terra.
Na foto nº 1 nós vemos, na seqüencia, eucalipto saligna, que estamos usando para fazer moirões, o citriodora (corímbia), o cipreste e o eucalipto rosa que alguns dizem ser o grandis. Sobre o assunto tenho dúvida ainda não solucionada. Trata-se de uma madeira semelhante ao cedro, porém com densidade média de 650 kg/m3. Uma vez seca se pode trabalhar e não apresenta rachaduras ou lascas. Lixada fica com um bom aspecto. Na foto, a parte de baixo da amostra de madeira está com selador para realçar sua cor.
A segunda amostra de madeira da foto nº 1 é do eucalipto (Corimbia) citriodora, derrubada com 25 anos. Ela apresenta um cerne mais escuro e depois de envernizada muito se assemelha ao jacarandá mineiro. É uma madeira muito dura e pesada, em torno de 980 kg/m3. A experiência de usá-la como moirão sem uma conveniente preservação não resultou satisfatória, mas para fazer gradeamento (vigas, caibros e ripas) de telhado mostrou-se excepcional. (continua)

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

54. Madeira na pequena propriedade


Foto 2

Foto 1













Foto 3


Há mais de vinte anos plantei os chamados pinheirinhos de cerca, que na realidade são cupressus sempervirens ou lusitânica etc. e que, sem a devida poda, tornaram-se árvores enormes. Com raízes fracas e superficiais alguns foram derrubados durante uma tempestade com forte ventania e tivemos que cortá-los.
Picar toda aquela madeira e transformá-la em lenha não era a melhor solução uma vez que se trata de madeira leve e dizem, faz muita fumaça, imprópria para queimar. Decidimos então aproveitá-la retirando algumas tábuas e vigas com a moto-serra.
O tronco a um metro de altura tinha um diâmetro de 40 cm, e a casca é bastante fina o que é bom, entretanto apresenta muitos nós devido a grande quantidade de galhos. Alguns “especialistas” opinaram que não valia à pena perder tempo com aquela madeira, contudo após o corte mandei aparelhar e lixar algumas tábuas e vigas. A conclusão que cheguei contraria totalmente a idéia que se faz do aproveitamento do cipreste como madeira para movelaria e outras finalidades. Na foto 1 se vê uma viga de cipreste apoiando um pequeno telhado, mas esse não seria o uso mais apropriado para essa madeira. Na foto 2 mostra uma tábua de 10 cm. A madeira tem um aspecto bastante estético, é facilmente usinável, não lasca, responde bem a lixadeira e o importante, é muito leve. Pesa em torno de 430 kg por m³, portanto a metade da densidade da corímbia citriodora! Ela tem uma única inconveniência, os nós. Os nós pequenos não racham ou se destacam e melhoram o visual da madeira, mas os nós grandes, e são muitos, às vezes se destacam e constituem pontos de enfraquecimento inviabilizando o uso do material.
O rápido crescimento do cipreste, a excelência da madeira, seu peso, a facilidade de usinagem nos leva a refletir que a pura e simples eliminação dos nós transformaria essa árvore em uma importante fornecedora de material para a indústria moveleira. E vejam que eu estou pensando em móveis feitos de madeira maciça e não em agregados ou mdf etc.
A eliminação dos nós poderia ser facilmente realizado cortando os galhos até uma altura conveniente durante o crescimento da planta. Cortá-los quando já crescidos não resolve o problema. É claro que realizar esse trabalho em um milhão de árvores é tarefa impossível, mas nas pequenas propriedades cuidar de uma centena ou mais dessas árvores para obter uma madeira de boa qualidade não é serviço complicado.(continua)

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

53. As chuvas e o lençol freático.


Foto 1

Foto 2












Nunca será demais abordar este assunto. A existência plena da vida animal, homem incluído, depende da existência dos vegetais para os quais as chuvas ou, de uma maneira ampliada, o clima, têm uma importância fundamental.
Os especialistas têm notado mudanças climáticas importantes ocorridas nos últimos cinqüenta anos. Temperaturas médias em ascensão e falta, ou descontrole, no regime normal de chuvas foram constatadas em quase toda a esfera terrestre. A pergunta que fazemos é: seriam essas alterações decorrentes de uma normal periodicidade, ainda a ser estudada com mais detalhes ou, então, proveniente das alterações patrocinadas pelos humanos, tais como emissões de gases industriais, desmatamentos e quejandos?
Vejam a foto nº 1. Em primeiro plano temos uma área de pasto. Mais adiante o que restou da mata atlântica, parcialmente recoberta com vapores de água em ascensão. Devido à chuva do dia anterior, a água que ficou retida pela densa mata evapora e sobe para formar nuvens de chuva que, levadas pelos ventos, irão cair novamente sobre a terra. Repare que toda a chuva que caiu no cocuruto careca do morro em primeiro plano, pretenso pasto, escorreu rapidamente em direção a riachos e rios, às vezes ocasionando inundações.
A foto nº 2 nos mostra uma área que, antes completamente recoberta por densa floresta, agora desmatada para servir de pasto. O comportamento das áreas em relação ao destino das águas pluviais é completamente diferente. A área à esquerda, com densa vegetação, armazenará a umidade das chuvas que penetrarão no solo alimentando o lençol de águas sub-superficiais, além de propiciar a evaporação formadora de novas nuvens de chuva. Na área à direita, com pasto de grama rala e apiloada pelo andar do gado, as águas da chuva correrão céleres para inundar algum baixio, às vezes com habitações. Pouca ou nenhuma água penetrará no solo.
O desmatamento de áreas com vegetação, como a da foto 2, e sua transformação em pastos que podem alimentar, se tanto, três cabeças de gado por alqueire, não é uma solução muito racional e com certeza trará conseqüências indesejáveis. Mais coerente e lógico sempre será a criação intensiva ou semi-intensiva que, sem sombra de dúvida, é mais econômica e agride menos a natureza.