ALCAPARRAS (CAPERS, KAPERN, CÂPRE, CÀPPERO).
O autor responde: sergio.di.petta@cmg.com.br
Envie para o autor suas dúvidas sobre plantio, colheita e cura da alcaparra e o seu uso no preparo dos pratos.

quinta-feira, 30 de junho de 2011

36. Palestra sobre alcaparreiras (feita de maneira parcial em São Bento do Sapucaí (3)

O CULTIVO NA ITÁLIA


Da mesma forma que no Brasil começamos a coletar os frutos do guaraná e extraímos o palmito antes de começar a plantá-los sistematicamente, também as alcaparras foram coletadas, durante milênios, das plantas nativas com espinhos. Esse serviço era feito pelas pessoas mais pobres que suplementavam a renda familiar. Com o crescimento da demanda se começou a plantar de maneira sistemática.


Foto 7 ( Plantação sitemática em Pantelleria, Itália)

Uma foto em cores fala mais do que mil palavras. Na tela podemos ver uma plantação de alcaparreiras, cultivar Nocelara.
Alinhadas e distanciadas de 2 a 3 metros, ocupam um terraceamento onde outrora havia videiras.


Tabela 2 (Ciclo de cultivo na Itália)
 
A multiplicação da planta na Itália é realizado por sementes. A semeadura é feita no frio mês de janeiro, sempre em um canteiro abrigado, onde as mudinhas ficam até o inverno seguinte. A colheita dura os três meses e meio mais quentes do verão.

A poda e o aporte de nutrientes são feitos no inverno.



Foto 8 ( Vemos uma planta jovem em final de floração, quando
os botões, maisduros, se abrem antes de atingir o crescimento)

Acresce ainda dizer que os botões florais só nascem em galhos do ano, por isso convém fazer uma poda anual para eliminar uma massa vegetal inerte, como se faz com as videiras.


Pragas
Giovanni Baccaro (Il Cappereto) diz que a formiga é a única praga importante da alcaparreira na Itália. Santi Longo, do “Istituto de Entomologia Agraria da Catania”, descreve outros insetos que prejudicam a planta. No Brasil (Brazópolis) só notei dois problemas controláveis. As formigas e as borboletas. Certamente outros aparecerão.



ALCAPARRAS NO BRASIL


Foto 9 (Primeira germinação)

Cansado de perder sementes em substratos cheios de vírus, fungos e insetos eu decidi semear em areia de rio, asséptica, com umidade bem controlada.

 
Foto 10 ( Alcaparreiras em vasos)

Inicialmente mantive as alcaparreiras em vasos e levei alguns para Campos do Jordão e também para o litoral para estudar o comportamento. As que foram para o litoral chegaram a florescer.


Foto 11 (Local definitivo)

Transplantadas para o local definitivo em julho, em agosto rebrotaram vigorosas e com grande produção (2004). Nesse ano fui a Panteleria para estudar o assunto e trouxe de lá alcaparras conservadas no sal.
Utilizando o método de Panteleria, tratei as alcaparras colhidas nesse ano e, no natal de 2004, pude comparar as nossas alcaparras com aquelas que eu trouxe da Itália.
O livro conta a história. As nossas alcaparras são melhores.

(continua na próxima quinta feira)

quinta-feira, 23 de junho de 2011

35.Palestra sobre alcaparreiras (feita de maneira parcial em São Bento do Sapucaí (2)


HISTÓRICO


Foto 1 (alcaparras nos velhos muros romanos)


Foto 2 ( penduradas nos aquedutos milenares)

As fotos nos ensinam que se trata de um vegetal completamente adaptado ao clima e solos do semi-árido mediterrâneo. É quase uma planta invasora que nasce e cresce espontaneamente por toda parte.


CARATER BOTÂNICO

Foto 3 (folhas, flor e botões)

A caparis spinosa é um arbusto de 50 cm de altura, com a porção basal lenhosa (cepa) e ramos superiores herbáceos que chegam a crescer 1,50m e pendem ou rastejam sobre a terra.
Como se pode ver na foto, as folhas são ovais, alternadas e prendem-se ao galho através de um pecíolo. A flor, bonita e efêmera, tem 4 sépalas e 4 pétalas.O androceu tem numerosos estames. O gineceu, pluriovular, emite um longo pedúnculo.
A variedade cultivada hoje é inerme (sem espinhos) que, na Itália, se dissemina espontaneamente competindo com a spinosa.


Foto 4 (frutos da alcaparreira)


Foto 5 (fruto maduro - deiscente-)


PROPRIEDADES FARMOCOLÓGICAS


A planta possui princípios ativos com propriedades curativas de várias doenças. Estudos tem sido desenvolvidos em Múrcia, na Espanha e em Catânia e Messina, na Itália.
Em particular a rutina tem forte ação sobre a permeabilidade capilar. Nós, os velhos, às vezes precisamos melhorar a circulação nos capilares (memória, audição, vista). Tenho procurado em vão literatura a respeito para saber como se poderia usar as alcaparras ou a planta para essa finalidade.
(continua na próxima 5ª Feira)
 



quinta-feira, 16 de junho de 2011

34. Palestra sobre alcaparreiras (feita de maneira parcial em São Bento do Sapucaí)

Há trinta e quatro anos comprei um sítio em Brazópolis e plantei arroz, feijão, mandioca, criei vacas de leite e fornecia leite para uma laticínio que a Parmalate comprou e fechou!
Hoje planto eucalipto para obter óleo em uma pequena usina extratora de óleo por arraste de vapor.
Sempre andei a procura um produto vegetal que viabilizasse economicamente uma pequena propriedade rural e que, uma vez colhido, não fosse necessário sair correndo para vender a preço vil como sucede com as frutas e legumes.
Encontrei a resposta no cultivo da alcaparreira.
Há mais de 10 anos cultivo alcaparreiras o que resultou no livro “O cultivo de alcaparreiras”, com o qual pretendo divulgar essa cultura.
Inicialmente vamos entender a importância econômica das alcaparras.



Grafico 1 (1988 a 2003)

O gráfico 1 nos mostra que em 1988 o mundo comercializava 1500 toneladas do produto. Em 2003 esse número chegou a 28 000 toneladas, 18 vezes mais!


Grafico 2 ( principais importadores em 2003) 

O grafico 2 mostra somente quem importou, em 2003, mais do que 100 toneladas. O importante é saber que o Brasil está em nono lugar, tendo importado 615 toneladas de um total comercializado naquele ano de mais do que 20 mil toneladas!


Grafico 3 (movimento de exportação em 2003 - em dólares)


Em 2003 o Marrocos já era o principal exportador mundial de alcaparras. Grosso modo as exportações de alcaparras totalizaram esse ano, 50 milhões de dólares!


Tabela 1 (Países que importaram do marrocos em 2009)

O Marrocos, nesse ano, faturou no mínimo 25 milhões de dólares com alcaparras.
Pasmem, o Brasil é o terceiro maior comprador de alcaparras marroquinas, depois da Itália e da Espanha. Compramos esse ano 750 toneladas de alcaparras com despesa de 1,2 milhões de dólares. Além disso, ainda compramos da Itália, Espanha e EUA.



Grafico 4 (Países que exportaram para América do Sul em 2003)

O gráfico 4 mostra os países que exportaram para a America do sul em 2003:  Marrocos, Espanha, USA, Turquia, Síria e Itália.A exportação italiana nesse ano foi excepcionalmente baixa.



Grafico 5 (Importadores da A. do Sul em 2003)

Em 2003 o maior importador foi a Venezuela, e em segundo lugar o Brasil com 615 toneladas. Nesse ano a Argentina importou somente 21 mil quilos. Hoje já tem uma pequena produção. O importante, porém, é que estão fazendo multiplicação por divisão celular e já venderam mudas para o Uruguai, México, Peru etc.
Essas informações nos mostra claramente a potencialidade do mercado brasileiro. O mercado de alcaparras semi atacado e varejo movimentam mais de 15 milhões de dólares no país!

(continua na próxima quinta feira)

quinta-feira, 9 de junho de 2011

33. Alcaparras (10).

Foto Santiago Del Estero, Argentina

A propagação das alcaparreiras, tanto no Brasil (MG) como na Argentina, sofreu embaraço inicial devido à dificuldade de multiplicação da espécie. A semeadura, mesmo com sementes certificadas, tem baixo percentual de sucesso. Alporques não funcionam e enraizamento de ramos, ainda que semi lenhosos, também tem baixo pegamento. A solução é a reprodução via divisão celular realizada em laboratório apropriado. Isso não é difícil de fazer e nem é nenhuma novidade, pois já se utiliza esse procedimento, há muitos anos, na multiplicação de orquídeas e outras plantas. Aqui no Brasil tentei interessar uma empresa privada especializada nesses procedimentos, mas não obtive sucesso. E vejam que não foi cogitado preço. Um tênue contato com um órgão oficial, através de um professor, também não resultou.
Na Argentina ocorreu exatamente a mesma coisa com uma diferença fundamental. O Dr. Angel Rico, após os primeiros insucessos nos contatos com as entidades que poderiam fazer a multiplicação da alcaparreira por via celular, resolveu montar seu próprio laboratório. Estive no local. È um laboratório simples e pequeno, porém extremamente sério e funcional. Está produzindo plântulas de qualidade e suficientes para suprir a demanda Argentina e ainda tem exportado para vários países. A foto 1 acima mostra o “berçário” das plântulas originadas de divisão de meristema em laboratório. As da esquerda estavam sendo preparadas para a exportação para o México.
Nosso contato com a empresa familiar Origenes, de Angel e Pablo Rico, foi no sentido de importar os embriões ou mesmo montar aqui no Brasil um laboratório para produção das mudas. (continua)

quinta-feira, 2 de junho de 2011

32. Alcaparras (9)



ALCAPARRAS NA ARGENTINA


Neste mês de maio estivemos alguns dias em Santiago Del Estero, Argentina, na propriedade da família Rico, onde o dr. Angel Rico, médico pediatra, desenvolveu uma variedade de alcaparreiras denominada AR1.
Minha mulher, Carla, e eu fomos muito bem recebidos e agradecemos, de público, a acolhida.
Minha visita foi motivada pela curiosidade em comparar alcaparreiras e alcaparras; as que temos aqui em Minas Gerais (Brazópolis) e as da Argentina (Santiago del Estero). Acredito que o contato foi muito proveitoso para ambas as partes.
Fato curioso é que lá na Argentina um médico e no Brasil um engenheiro, ambos fora das atividades profissionais agrícolas, foram os responsáveis pelo desenvolvimento e implantação dessa cultura, o que foi realizado sem nenhum apoio oficial. (Acá como ajá...)
Em todos os campos das atividades humanas sempre se insinua a reserva de mercado para profissionais habilitados, entretanto a agricultura é aptidão inata no ser humano, de maneira diferenciada, e a escola, às vezes, aperfeiçoa. Ocorre também com quem escreve, o jornalista ou repórter. Alguns nascem com esse dom e a legislação não deve suprimir a expansão dessa qualidade.
A troca de experiências foi muito proveitosa e demonstrou que os entraves para o desenvolvimento de uma nova cultura encontrados na Argentina, se repetem aqui no Brasil de maneira similar. (continua)


31.Produção de óleos aromáticos por arraste de vapor (7).


FOTO (1)

FOTO (2)

                             










FOTO (3)
FOTO (4)


Com as quatro fotos anexas finalizo a descrição desta pequena usina de óleos aromáticos.

Foto 1 apresenta o equipamento antes da montagem.
Foto 2 é uma vista geral da construção. A direita a caldeira e a esquerda a usina.
Foto 3 foi feita em Grasse, França, e mostra produtos (óleos) importados e tratados em Grasse.
Foto 4 mostra em um supermercado de Nice, França, a comercialização de óleos aromáticos. (Fim)